domingo, 29 de agosto de 2010

A Casa Mágica

by Betha M. Costa


A casa tinha dois pavimentos. Pintura externa era amarelo gema de ovo com janelas brancas sorvete de flocos.O sótão dos sonhos guardava um monte de passado: móveis, álbuns de fotos, roupas, livros, cartas e um sem número de objetos, daqueles que hoje já não se fazem mais.


Cada cômodo da moradia - como uma imensa paleta de cores - adquiria a cor do sentimento de quem o freqüentava. Se a pessoa estava feliz, imediatamente o lugar ficava iluminado de cores vivas que se espalhavam por todos os espaços. Caso houvesse tristeza ou dor, um tom cinzento ou marrom escuro parecia abafar o ambiente. 
Um imenso e florido jardim circundava toda a habitação e exalava tantos odores quanto os narizes podiam sentir.


Ninguém sabia explicar como do dia para noite surgiu um lugar tão extraordinário. Vinham pessoas de todas as cidades e até de outros países para conhecer o local. As filas de visitantes cresciam na entrada da propriedade como grandes vagões de trens em constantes vão e vens.


Montes de gente entravam e saiam encantados e cheios de exclamações nos lábios. Durante anos todas as exclamações se acumularam e infladas como balões, suspenderam pouco a pouco a casa do solo, até um dia ela exceder as nuvens do céu e nunca mais ser vista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário