sábado, 25 de setembro de 2010

Carta de Amor Número 03









by Betha Mendonça

Mais uma noite amado... 

Eu aqui perdida na madrugada. O quarto tão cheio de lembranças que não tenho nem espaço por onde andar para acompanhar a minha insônia. A memória seletiva, cansada, desbotada e enfastiada; guarda da vida o essencial: o cheiro do seu corpo, o som grave da sua voz, a cor branca da sua pele, o fogo que emana dos seus olhos... 

A voz silencia, mas o coração não cala. Para que eu saiba de você, ouça a musica festiva ou lamento do seu coração, só preciso ler as entrelinhas dos poemas escritos pelas suas mãos. E cada pedra que rola de você em minha direção, rala-me no peito algum despeito, que já nem sei falar de paixão! 

A dor com o tempo torna-se tão inodora quanto o creme anti-transpirante, esquecido no armário do banheiro junto com o pincel (de pêlo daquele bicho que não lembro o nome), que você usava pra espalhar o creme de barbear, porque “espuma de barba em spray é muito impessoal”. 

Começa a amanhecer, lágrimas teimam em cair e eu mato com elas a sede dos pássaros que despertam para um novo dia. Olho para o céu e vejo que a liberdade é azul. Para que o tempo não me roube de todo o que tenho e sou por dentro, eu guardo ao cofre das minhas lembranças os segredos do coração. 

Cigana desejosa de saber o próprio destino eu observo com calma e paciência as minhas mãos. A linha da vida, da cabeça, do coração, do destino e secundárias... Infelizmente, nem um traçado mostra futuro para nós dois! Mas, não tenho culpa em amar a mais ou a menos, além ou aquém do quê seria o necessário... Ou tenho? 

Ainda sinto saudades...

Beijo na boca, 

B. 

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