sábado, 16 de outubro de 2010

Meu Pai é Dez!

by Betha M. Costa




Meu pai é um jovem senhor de 79 anos de idade. Médico e professor universitário aposentado. Hoje usufrui com mamãe, cinco filhos (quatro mulheres e um varão), dez netos (três garotas e sete garotos), um bisneto, genros e nora os frutos de anos de trabalho duro e honesto. 


É um homem de compleição física mediana, a visão não tão boa como quando mais jovem, porém enxerga melhor que qualquer um de nós. Tem gestos finos, traja-se com apuro e um cheiro delicioso de colônia... Seu coração é tão grande que não sei como lhe cabe no peito. É saudável e lúcido. Religioso. Tem fé inabalável, memória ágil e privilegiada. É senhor de vasta sabedoria em conhecimentos gerais, atualidades e acima de tudo: experiências de vida.


Quando jovem chegou a trabalhar em cinco empregos ao mesmo tempo para que nós tivéssemos do melhor e ainda assim, arrumava tempo de nos levar aos finais de semanas para passeios.


Extremante afável, até hoje eu e minhas imãs continuamos sendo as “suas meninas”. Preocupa-se com nossas saúdes. Se estivermos com problemas vem depressa em nosso socorro. Aconselha, zela e cobra como um pai de verdade deve fazer a vida toda com os filhos. Assim crescemos seguros de que podíamos ir aonde quer que fôssemos, no regresso teríamos a nossa espera o porto seguro: ele e mamãe.


Carinhoso e cuidadoso, até na universidade, quando eu descia para o desjejum já encontrava o café com leite (morno) na xícara, o pão com a manteiga passada e tudo o mais que eu precisasse na mesa ao alcance das minhas mãos.


Quando ia estudar na casa de uma colega ou a uma festinha, a hora que fosse ele ia me apanhar e ainda levava minhas amigas nas suas casas. Não reclamava, sentia prazer em tomar conta da gente.


Era ele quem de noite vinha ver se eu estava bem coberta, que conferia se minhas janelas estavam fechadas, que me orientava nos deveres e comprava as capas mais bonitas para os meus trabalhos.
Nunca nos bateu, mas até hoje quando qualquer um de nós faz uma bobagem... Sai de baixo: deita um falatório de doer os ouvidos!Quando criança preferia que ele me desse umas palmadas, mas ele falava... E muito!Doía-me mais decepcioná-lo que levar uns petelecos!...


Papai é um sobrevivente. Teve os membros da sua família (pais e cinco irmãos), um a um levado do seu convívio por doenças, que apesar de toda a sua ciência não poderia curar... Sofreu, resistiu e como patriarca da nossa família é um exemplo que com muito orgulho nós procuramos seguir.

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