quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Purpurinas

by Betha M. Costa




Na noite de lua sem estrelas enchi as mãos de purpurina colorida. Espalhei pela casa escura para que o luar que entrava pelas janelas colocasse brilhos de areias nos cômodos e iluminasse a minha noite solitária.


Vaguei por esse deserto - que era pouco para tanto caminhar - até tropeçar nas dunas das lembranças e dar com os olhos numa flor de cacto que sangrava entre os espinhos.Do sangue brotava Oásis florido de esperanças frescas que ressecariam com o calor do dia seguinte que cedo ou tarde haveria de chegar...


Olhos feridos pelas ventanias em tempestades, ainda tive tempo de olhar - entre admirada e temerosa - os beduínos que passaram pela minha vida a gritar palavras de amor, montados em suas interrogações coloridas.


Tanta miragem aguçava minha sede, enquanto eu afogava no mar de duvidas, aquele no qual eu me banhara muitos anos antes dele ter se transformado nesse deserto dentro de mim, a se espalhar nessa casa escura com brilhos de purpurina sem alegria...


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