quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Macumba Online

by Betha M. Costa


A navegar por mais de dez anos no infinito mar da internet eu penso já ter vivido, visto e lido de um tudo. Ledo engano: sempre aparece uma surpresa.


Nessa década virtual já recebi zilhões de vezes mensagens de otimismo, baixo astral, poemas, piadas, imagens cuti-cuti. Existem também as denuncias políticas, fotos e endereços de pessoas desaparecidas, correntes para diversos santos. Convocação para salvar espécies da fauna e flora em extinção, para dia do luto, dia da parada gay, dia do protesto pela gasolina, pela carne, pelo leite...


Ah! E os avisos assustadores das novas técnicas de abordagem de assaltantes no trânsito e com os pedestres? Fico em pânico. Tenho vontade de trancar-me em casa e não colocar nem o nariz na janela. Aí chega uma mensagem sobre bandidos que observam casas fechadas com pessoas sozinhas no seu interior... Meu ímpeto é correr à rua, mas vem o medo do outro aviso, e, saio com os olhos revirando em 360 graus como um periscópio a cata de pessoa suspeita com potencial para ato meliante.


Há pedidos de ajudas financeiras para as operações de meninas e meninos... Com o tempo que circulam na web... Se as crianças não foram operadas, já devem se anjos há muito tempo!...


A mulher da caminhada pela ajuda ao câncer de mama, tanto já andou pela minha caixa de entrada que conhece o recôndito dela. Sem falar nas Peregrinações das Nossas Senhoras (nos seus mais diferentes nomes) que de tantas vezes que vieram visitar-me, nem as mandei mais de volta: estão todas abençoando o meu correio eletrônico como dentro de uma capela virtual particular.


Bom, a gente acha que já viu tudo vem à nova: macumba online! Sim, amigos leitores, eu recebi uma feitiçaria via web. A pessoa que enviou não colocou nome do remetente, porém no assunto teve a delicadeza de avisar Macumba Online. Como covarde assumida - tremo de pavor das ciências ocultas e “macumbísticas” - eu guardei a missiva dentro da minha capela virtual. 
Eu hein!...

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