domingo, 30 de janeiro de 2011

Carta de Despedida Número 04








by Betha Mendonça

Belém, 3 de fevereiro de 2009.

Adeus para essa coisa de viver cada dia a se despedir do ontem e de cada minuto, por que tudo nessa vida é tão efêmero!...

Até um dia às letras assustadas com tantas despedidas... Entre lágrimas, elas correm dos meus dedos sem dizer nem “até logo!”. Partem como quem pega um trem destino incerto. Viajam cansadas dos comandos desse cérebro pouco literato, cheio de insanidades, perdido nos vocábulos que cabulam dicionários e mudam a todo instante. Fim aos neologismos que se tornam “velhologismos” no dinamismo das línguas que sobrevivem as mudanças!

Morte às palavras e fatos que a borracha do tempo massacra e não deixa delas nem um solitário traço!Afetos que perecem no rio das verdades aparentes e inconseqüentes... Despeço-me dos espelhos das ilusões... Chega de navegar em versos que morrem ao final de cada poema escrito ou não.

Que se afastem os meus olhos do cais!Aquele que cri que seria por muito tempo porto de escritos. Das minhas letras que ao dançar pareciam fazer algum sentido, merecer aplausos da platéia e que pereceram sob a pequena ribalta que desmoronou. 

Adeus vernáculo que cativa aos corações tolos que crêem em tudo que lêem! Adeus aos corações céticos que morrem sem grandes emoções pela descrença e falta de fantasia!...

Até um dia ou nunca...

B.

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