terça-feira, 1 de março de 2011

Deus está Morto!

by Betha M. Costa




Como uma bruxa maldita que cada pedaço do meu ser queime no fogo da ira! Liquefaça aquilo que um dia eu cri ser alma. Não existe nada além do aqui, do agora, dessa hora que eu gostaria de estar morta ou ser uma pedra ou grão de areia que foi destruído pelo vento da verdade.



Nietzsche, o louco, estava e sempre esteve certo: Deus está morto. Morto dentro de cada ser que cansou do fogo da vida, daquele que vive dentro do corte da faca, que fere a pele e escalpela os sentidos. Deus está morto dentro de tudo que é mal e nunca deseja o bem. Deus está morto e eu morta junto com ele.


O que não me destruía me fortalecia. Agora desmorono como as pedras do dominó que eu costumava brincar na infância e com elas fazer casinhas, carros... Desenhar vidas que no futuro me pertenceriam e que eu nunca tive, por que nada tenho de que eu possa bater ao peito e dizer: é meu.


Os carros buzinam lá fora, os vizinhos discutem na reunião de condomínio coisas sem relevância, enquanto a fé que eu tinha e julguei que levaria ao túmulo comigo, morreu em mim antes que a morte me beijasse a boca e me retirasse com seu beijo à chama da vida.



Tudo isso é loucura, devaneio de momentos de profunda dor e tristeza. Não há prazeres na fé. Ela já não me dá a tranqüilidade de dias melhores, além do que eu posso fazer com essas mãos fragilizadas pelo tempo em que eu me perdi de mim.


Tenho no corpo como provas as marcas do quanto machuquei o meu interior. Elas afloram pelos poros dando tom arroxeado aos tecidos em decomposição e mostram que não passo de uma carcaça que se empurra cheia de enfado pelos dias insípidos do sal que de mim foi tirado. Tenho um corte que sangra sem estancar e com ele ainda escrevo poemas para que eu não enlouqueça de vez, enquanto espero que o Deus morto renasça dentro de mim.


Um comentário:

  1. Sabes Poeta?
    Posso sentar-me aqui ao teu lado?
    Sim...?
    Vai um chá ou preferes uma cerveja estupidamente gelada?
    Essa coisa das ditas "pessoas de elite# acharem que cerveja não é bebida de mulher, é o mesmo que me dizerem palermices (retrogradas) como por exemplo que a mulher nasceu para arrumar a casa e criar os filhos.

    ... quanta amargura, quanto sangue eu vi derramar nestas palavras e no entanto jamais saberia explicar-te porque me emocionou tanto esta tua prosa.Um dia, sabes? também me zanguei com Ele,
    Achei uma inutilidade pura todo o tempo que eu tinha gasto a guardar essa religiosidade dentro de um coração remendado até que um dia
    recebi como que um sinal.
    Sabes qual foi?
    Um brutal acidente de viação.- O carro que eu conduzia num dia de chuva miudinha, derrapou miseravelmente e encaixou-se feito numa amálgama de chapa por debaixo do camião. Lembro.me apenas do meu último pensamento ser... > Deus, vou morrer...> e logo eu que andava às avessas com ele, zangada e fartinha de o questionar em muitas situações, #Deus, porque me acontece isto a mim?

    ... A garganta está seca,Poeta, a cerveja bebida em pensamento é coisa de doida que floreia a imaginação com o mesmo desplante com que ignora a noite que se abate sobre as minhas pestanas.
    Não fui grande companhia, eu sei.
    Nada acrescentei para a humanidade e o mais provável foi ter-te provocado um enorme tédio.
    Mas Betha, Poeta e amiga, já que corro esse risco posso dizer-te que gosto muito de ti? Que dias melhores virão com toda a certeza?
    Que a nossa fé por mais que seja abalada por uma realidade brutal é uma parte da nossa alma que nunca de desagrega completamente?
    Aceite um abraço amigo deste lado do oceano,
    VÓNY FERREIRA

    ResponderExcluir