domingo, 17 de julho de 2011

A Morte da Poesia

by Betha M. Costa

Morreu a Poesia levando ao desespero o Poema, seu mais puro e belo representante na Terra.

De luto, os ventos destelharam céus, lançaram ao mar todas as estrelas e demais astros. Fez-se grande escuridão.

Os mares revoltados quiseram subir até as mais altas montanhas, mas tanta era a tristeza, que eles escavaram com suas águas as profundezas do planeta e lá se esconderam para que ninguém mais os apreciasse.

Como efeito dominó os vegetais retornaram ao seio da terra, os animais calaram-se e se abrigaram em tocas.

Os humanos ficaram com um imenso buraco no coração. Perdidos dos seus sentimentos, não conseguiam se expressar uns com os outros, por que as palavras perderem o alinhamento e suas vozes eram incapazes de propagar sons.

A Poesia linda e pálida estava solitária no seu esquife ornado de orquídeas roxas. O Poema em prantos - por saber ter perdido para sempre sua musa inspiradora – ajoelhou-se ao seu lado cheio de lamentos de paixão. De repente escutou bocejo longo:

 - Huááááááá!...Confusa a Poesia se sentou no ataúde a perguntar o que acontecera.

Sem que ninguém dissesse palavra os mares saltaram verdes e azuis das entranhas do planeta e cuspiram de volta ao céu todos os corpos celestes.

Os campos se vestiram de verde, as flores coloriram e perfuraram seus espaços, enquanto as árvores entrelaçaram suas copas e os animais se espalharam como se estivessem no Jardim do Éden.

Os homens e mulheres soltaram vozes em canções e em tantos versos, que apenas naquele instante foi escrito uma quantidade inigualável de livros.

Assustado o Poema perguntou a sua amada:
- Ó bela, não estavas morta?

E recebeu como resposta:
- A Poesia nunca morre, pode ficar sonolenta e às vezes até dormir sono profundo por muitos dias, mas sempre voltará mais forte e inspiradora que antes! 

Um comentário:

  1. Oi,querida!

    Passando pra te rever...

    E reler este lindo poema.

    Beijo!

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