sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Benedictus


by Betha Mendonça

Bendita a dor que me queima as entranhas, que me desperta na noite, como se cortassem meu baixo ventre a sangue frio num parto antes da hora.

Bendito o repuxar dos tecidos da parte superior das minhas coxas, aos menores movimentos, cordas dum instrumento musical, que dão ritmo aos gemidos deste corpo magoado por intervenções.

Bendita a incerteza das pernas que travam ante um passo mais rápido, pelo temor do padecer da agudeza de uma contratura, que corre coxa acima como um rasgão de todas as estruturas do abdome inferior.

Bendita dor todos os dias a dar-me aulas de paciência e prudência, por que o tempo precisa de tempo para superar os agravos físicos, psicológicos e espirituais, desta veste chamada corpo.

**Imagem do Google

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