quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Carta Para Um Ex-amor Número 02

Imagem Google

by Betha Mendonça

Belém, 20 de agosto de 2009.

C.

Após o nosso encontro surpresa, diálogo aberto, guardas desarmados e olho no olho, no sossego do escuro do quarto, pela primeira vez encarei sem lágrimas meus pensares e sentires.

No redemoinho dos anos fui capaz de desculpar a mim e ti por diversas atitudes, palavras, omissões, mentiras e silêncios. Consegui colocar-me no teu lugar e perceber o quanto eu errei, penitenciar-me e livre das dívidas, olhar confiante para o futuro.

Tive discernimento e enxerguei com a mais precisa clareza tudo de maravilhoso que fizeste por mim. Fui generosa para além dos ressentimentos. Deixei que a borracha do tempo apagasse tristezas, ofensas, olhares, rispidez de sentimentos e quaisquer mágoas que me tenhas feito sofrer e vice-versa.

Vi o filme do muito que perdemos e ganhamos. Os enlevos de plumas exultantes aos ares, e, as dolorosas e pesadas cargas que juntos nós carregamos pelo viver. Hoje mais madura, na serenidade que a vivência trás, eu concordo que precisamos desculpar um ao outro - e cada um a si próprio - para continuarmos a jornada que ainda temos até o fim dos nossos dias.

Em profunda meditação, a sentir o pulsar da vida no meu corpo e as cores da paz na minha mente sou capaz de desculpar quase tudo: menos que tu tenhas permitido eu ter deixado de te amar... Isso, talvez nem além da morte eu tenha elevação espiritual para perdoar!

Carinho sempre,


B.

2 comentários:

  1. Que belo texto um final de tirar o fôlego.

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  2. Estimada Amiga e Ilustre Poetisa,
    Maravilhosa escrita sem rancores ou ofensas, como eu bem compreendo e me fez reflectir sobre o meu passado longínquo.
    Adorei.
    Abraço amigo

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