terça-feira, 10 de setembro de 2013

A chama da sabedoria




by Betha Mendonça

Abaixo da Montanha da Sabedoria, morada dos Deuses das Letras, localizava-se o Reino das Palavras Soltas habitado por escritores de duas classes ou castas intelectuais com aspectos físicos diferentes: os cabeças grandes e os cabeças pequenas. Os possuidores de cabeças grandes guardavam cérebros do tamanho de olivas, mas com rica atividade criativa para agrupar letras, formar fantásticas palavras e delas frases que resultavam em textos bem elaborados.

Os que tinham cabeças pequenas possuíam cérebros do tamanho de melões, com pouca ou quase nenhuma atividade imaginativa.Apesar de esforçados e estudiosos não iam além da mediocridade nas produções literárias, que com muita obstinação e esforço montavam.

Rezava a lenda que os cabeçudos recebiam a Chama Sagrada do Saber direto da mente do Deus do Alfabeto e Ortografia.Os de cabeça pequena tinham como mentores os Deuses Escribas Menores.

Por séculos o pacífico povo esteve separado entre sábios e medíocres, e, parecia reinar certo equilíbrio e aceitação popular...Contudo, um sujeitinho de cabeça pequena (Zerus), inconformado que seu cérebro maior e mais pesado pensasse menos que um cérebro menor e mais leve, por muitos anos ruminou idéias toscas.Depois de o seu lento pensar, elaborou e colocou em ação um plano na tentativa de mudar a realidade.

Em noite escura subiu sorrateira e calmamente a montanha.Invadiu o Palácio dos Deuses. Escondeu-se nos aposentos do Deus do Alfabeto e Ortografia. Quando esse adormeceu - apesar do pouco raciocínio - o intruso surrupiou a Chama do Saber que ele tirava da cabeça para dormir.O contato próximo com aquela força sobrenatural e incontrolável clareou-lhe a mente, como uma explosão ao causar o nascimento de uma estrela.E dono da sabedoria, Zerus jogou a chama dentro de um rio apagando-a para sempre.

A partir dali os Deuses tornaram-se humanos.Como os sábios e medíocres, sem a graça da Chama, todos tiveram que batalhar por conhecimentos.Montar em si chamas interiores e ser reconhecido cada um por seus próprios méritos.

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