segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Sobre a Saudade


by Betha Mendonça

Saudade é um aperto na alma – que parece ter diminuído de tamanho – e ainda com esforço e paciência, a gente tem dificuldade de afrouxar para que ela se liberte de dentro do nosso corpo.

É uma mão gigante que acena, mas quer puxar de volta uma pessoa ou fato do passado ou presente recente. Enquanto isso, a realidade briga com o sonho e aponta fria para o agora, na esperança de que a gente se esqueça da tepidez, vibração, inquietação e outras sensações, que a saudade produz no nosso cérebro e se espalha em raios vitais pelo nosso corpo.

Saudade é dor que explode os líquidos dos tecidos, escorrega nas nesgas do ânimo e cai em chuva pelos cantos dos olhos a regar uma seara que teima em não germinar. É flor que não desabrocha, mas exala aquele perfume estonteante!

É uma dor alegre ou triste que se arrasta pelos dias e noites. Fantasma que ao mesmo tempo em que assusta, tem uma aura que carrega sofrimento ou alento ao pensamento.

Um pranto convulso quem vem do impulso, da certeza de não se ter controle sobre o tempo. Um destempero espiritual no qual, nem sal nem açúcar são capazes de tornar o sabor palatável a quem vive uma saudade.

Saudade é seara sem colheita, oração e a um deus surdo. A ausência marcada n’alma e corpo daquilo que é ou foi sem que se possa tocar, viver ou reviver.

*Imagem tumblr



Um comentário:

  1. Uau, Betha! Que texto inspirado. Uma multicolorida e luminosa cachoeira de definições da palavra saudade.

    "Um pranto convulso quem vem do impulso, da certeza de não se ter controle sobre o tempo." – esta é a que mais me encantou.

    Beijos

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