sábado, 11 de setembro de 2010

Carta de Amor Número 02









by Betha Mendonça

Boa noite, amado!

É verão e nunca senti tanto frio. Desejo de luvas, casaco, cachecol e muita lã!Baldes e baldes de água fria percorrem o meu corpo, do alto do peito à barriga. Seca dói minha garganta, ofegante minha respiração e acelerado meu coração. Sinto que morro aos poucos, porque a melancolia desses dias não me permite felicidade além da poesia, dos poucos versos que hoje mal consigo escrever.

Minhas janelas estão abertas para os campos do infinito e eu vago dentro do impossível a amar - sem sintonia - rádio antigo cheio de interferências. Você daí no seu silêncio e eu aqui no meu. Ambos a ouvir o grito um do outro, sem voz para responder. Infelizmente há perguntas para as quais a gente prefere não saber as respostas!

Quando penso e sinto você, todas as estrelas do Universo cabem ao centro da minha retina, até que desperto do sonho e vejo que estou sozinha. Caio na real. Começo a acolher o bem ou mal de ser triste, pois com coração inteiro ou divido, eu continuo a morrer aos poucos, não da tísica do Mal do Século, mas de melancolia por falta da nossa poesia.

Em parte ainda estamos juntos por uma ligação quase imperceptível. Mas, você sabe que rápido os meses se tornam anos, os anos se enfileiram em décadas, as saudades em esquecimentos, e a fila anda, como se costuma dizer... Ficará espalhado pela vida todo o ontem acabado ou não; pequeno despacho aos deuses, perdido em encruzilhada qualquer, aonde jamais nos encontraremos.

Ainda tenho saudades!

Beijo na boca com língua,

B.

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