segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Violência Nossa de Cada Dia

by Betha M. Costa




Hoje mais uma vez o meu filho foi tomado de assalto na rua onde moramos. Outro adolescente em uma bicicleta  munido de um revolver - sabe-se lá o calibre que não entendemos de armas - roubou seu celular. Já ocorreu antes com um outro celular e algumas vezes até com o dinheiro do ônibus. Meu filho foi assaltado e eu ainda dei graças a Deus por ele não ter levado um tiro que lhe deixasse uma seqüela ou lhe ceifasse a vida. Já fui assaltada, meus sobrinhos, minha mãe, meus filhos, meu marido, meus amigos e os amigos de meus amigos.Que país é esse onde a gente está exposta a ser roubada, ferida por arma branca ou de fogo, estuprada, espancada ou morta até dentro da nossa própria casa?


Ouço todos os dias nos meios de comunicação, propagados em alto e bom som por sociólogos, OGNs, governos e o escambau:
- A responsabilidade pela violência é de todos nós!


Querem saber? Eu não me sinto responsável, não!Estou cheia de jogarem nas minhas costas os erros alheios! Sou uma cidadã pacata, trabalho, pago meus impostos (exorbitantes), ajudo financeiramente uma creche. Fico perto de todas as pessoas que eu posso socorrer com uma palavra, um gesto, um medicamento, uma atitude positiva... Faço a minha parte. Procuro praticar o bem coletivo. Nem um papel de bombom jogo na rua! Gasto uma grana de escola e plano de saúde (que deveriam ser gratuitos e de qualidade) para meus filhos e para mim...


Não! Eu não roubo o dinheiro da merenda escolar, da pavimentação de ruas e estradas, dos medicamentos, da saúde pública, do saneamento básico para as famílias das periferias e às vezes do centro das cidades. Não permito que entrem e nem trafico armas contrabandeadas e drogas pelas fronteiras, para que nós e nossos filhos sejamos vítimas delas. Não faço acordos e conchavos políticos visando interesses pessoais, sem me importar com as pessoas que votaram em mim, na confiança de que eu trabalharia para melhorar suas condições de vida.


Não fui eu quem não deu oportunidade de educação e uma existência mais digna para milhões de crianças e jovens. Não sou eu o jovem que mesmo tendo todas as oportunidades escolheu ser marginal... Por isso não vou admitir mais que me responsabilizem pelo que outros fazem ou deixam de fazer!


Não sou responsável em aparelhar com recursos humanos, inteligência, técnica, instrumentos e carros as delegacias para segurança pública.Tampouco tenho gerência sobre as penitenciárias. Não cuido nem desvio o dinheiro que deveria ser usado para esse fim.


Somos milhões de homens e mulheres. Brasileiros. Todos sitiados pelo crime, a rezar para que a violência nossa de cada dia não leve a nós, um dos nossos familiares, amigos ou conhecidos. Estamos à mercê da bandidagem e não temos a quem recorrer. Se a vida de um de nós for tirada, SE o criminoso for preso ou condenado, é bem fácil que ele fuja e continue impune no crime. Depois que a morte vem, de nada serve a grita de OGNs, Direitos Humanos, a “Solidariedade Governamental” e de outras entidades: você está morto e acabado. Logo será apenas mais um número de estatística, caro leitor!




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