domingo, 19 de setembro de 2010

No Mar das Figuras de Linguagem

by Betha M. Costa




Durante a construção de um texto resvalei com os dedos nas aliterações e assonâncias. Cai em águas de metáforas com enorme cardume de onomatopéias. Tantos sons a confundir meus pensamentos!... Eu tapei com as mãos os ouvidos e afundei como dentro de um útero em pacífico eufemismo.


Por ironia dos vocábulos, águas-vivas de hipérboles e prosopopéias começaram a queimar-me a pele, e, zombar de meu português capenga sem que eu pudesse substituí-las por metonímias.


Quando parecia que eu ia morrer afogada por meu fraco léxico, a antecipação lançou-me barco dirigido por um anacoluto. Cheia de ânimo nadei jogando dos pulmões as catacreses quando vi as antíteses o empurrarem para longe até eu perdê-lo de vista.


Já sem esperanças deixe-me boiar no mar das figuras de linguagem até que fortes ondas de imagens poéticas criativas lançaram-me sã e salva na praia da gramática.

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