segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Garanhão

by Betha M. Costa


O homem era uma propaganda ambulante de si. Instrutor de academia de fisiculturismo desde o tempo que para tal tarefa não era exigido curso superior de Educação Física. Alto, músculos torneados com anabolizantes e à custa de “puxar” muito peso.


Gabava-se de ser o bom, “o gostoso”. Aquele a quem todas as mulheres caiam aos pés devido à beleza física e as habilidades sexuais. Era “o cara”, “o pegador”, a quem os amigos invejavam ao ouvir os relatos de performances com os mais diferentes tipos femininos.


No clube de boliche, na sinuca da sexta de tarde, no futebol do sábado ele era esperado com ansiedade por seus pares. Sem a menor modéstia ele contava aos amigos os mais mirabolantes acontecimentos de sua atribulada vida de garanhão e destruidor de corações. A testosterona a serviço do prazer das suas mulheres...


Devido porte atlético e habilidades em lutas marciais foi indicado para fazer a segurança do harém do sultão Jarík Al Rik, soberano de um desses sultanatos exóticos que até hoje vivem como há milênios atrás. O harém com as cento e treze esposas do sultão era vigiado dia e noite para ele não fosse traído. Aceitou na hora e partiu sem se despedir da família nem dos amigos. Enviaria notícias depois:
- Imagina ficar perto de todo esse mulherio!Ter a vida que sempre sonhou: ganhar muito e poder usufruir de belas mulheres. 


Como sempre exercitou os músculos e pouco o cérebro, não sabia que para o serviço de guarda-harém tinha que ser castrado... E o ex-garanhão passou o resto da vida como eunuco.

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