segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Terror no Banheiro

by Betha M. Costa


O clima abafado e úmido do verão nortista é incomodo. Fora de ambiente refrigerado, Aliandro tinha a pele grudenta, as mãos suadas e pegajosas. Para completar, naquela tarde quente, um cheiro desagradável de suor pairava no ar como premonição aziaga.


O homem entrou num boteco sujo de esquina a procura de um banheiro onde pudesse refrescar-se. Deteve-se na porta do compartimento ao ler um texto em vermelho vivo: quem entra não sai!Alguns segundos após, a cabeça balançando e sorrindo - como quem lera uma piada - adentrou o pequeno espaço. Simples. Esmeradamente limpo para o ambiente mal cuidado do bar: uma pia média, espelho, sabão líquido, toalhas de papel e duas divisórias com portas onde ficavam os vasos sanitários.


Abriu a torneira. A água fria em suas mãos deu-lhe novo animo. Lançou-a sobre a cabeça e rosto.Sentiu um líquido quente e viscoso desce-lhe o corpo.Ao olhar no espelho, imagens distorcidas dançavam como pesadelos em diante dos seus olhos esbugalhados e um sangue escuro como açaí tingia-lhe as vestes.Os espaços entre as lajotas tomavam vida: serpentes rastejando em sua direção.E o sangue não parava de jorrar da pia, por mais que tentasse fechar a torneira.


A porta de saída estava travada. Nem ele mesmo conseguia ouvir suas pancadas fortes e gritos de socorro. Desesperado fechou-se num dos cubículos. Subiu na tampa do vaso com esperança que ficar longe do alcance das víboras. Pobre infeliz: picado por dezenas de cobras e sangrando foi lançado por uma macabra mão saída do vaso e enterrado vivo no espelho onde ficaria a espera do próximo incauto...

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