segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cada Coisa no Seu Lugar

by Betha M. Costa 




Tanto verão demais ao Norte das minhas recordações.... No céu azul de doer nos olhos dessa Belém tão cheia de altos edifícios, as garças brancas a voar do Mangal para Praça Batista Campos levam consigo muito dos meus olhos de menina que cresceu e a certeza que ainda se pode sentir por aqui um pouco da antiga selva.


Nos túneis de mangueiras das ruas cantam os bem-te-vis, as andorinhas fazem festa nas acácias floridas, enquanto os chorões da praça balançam ao vento morno do quente fim de tarde.


Expectadora sem brilho - com a nostalgia das pessoas que tarde percebem que o tempo passou depressa - eu me tinjo com o que resta da beleza do quase pôr-do-sol. Contemplo ao longe a Baía do Guajará, seus barcos coloridos de esperanças que chegam a todo minuto e as barcas das tristezas que levam de volta aqueles que deixaram para trás as suas expectativas frustradas.


Além da Baía a Orla das ilhas, os acenos de seus açaizeiros pesados de frutos a dizer adeus aos que partem e alimentar os ficam com o sangue extraído dos grãos. Tudo são paz e tranqüilidade, embora o que agora seja não é como já foi e não será nunca mais como hoje: cada coisa parece em seu lugar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário