domingo, 14 de novembro de 2010

Carta de Amor Número 05









by Betha Mendonça

Precioso meu,

As chuvas chegaram mais cedo e esse tom grafite no céu parece de acordo com a melancolia que carrego comigo esses dias. Sinto-me melhor com o sol. Dele tiro a energia para enfrentar as adversidades que o tempo nos impõe.

Agora fico aqui na janela olhando o céu triste como eu quando perdi o seu amor. Chego a sentir dó da natureza sob ele. Aí desaba uma torrencial chuva. A visão do movimento das águas pelo vento é maravilhosa como o "baile das águas" num circo que vi quando criança. Na dança da ventania mudam de cores e direções. E ar frio batendo no meu rosto junto com os respingos traz deliciosas sensações...

As plantas do condomínio ficam mais brilhantes e com cores mais vivas. A terra exala o cheiro de chuva. O chão torna-se um espelho onde posso ver refletido o meu passado e meu presente, dando-me a sensação de que tanto um quanto o outro são belos a depender da ótica que se veja.

Depois do pranto o céu fica azul como os olhos que eu sonhava ter quando menina, em lugar das duas jabuticabas, que hoje já não têm a mesma jovialidade, mas faíscam como estrelas no céu do outono quando eu penso e vejo você.

De repente o novembro chuvoso abre-se num radiante julho na ilha da minha meninice. Consigo perceber que não há tanta distância entre eles e os sentimentos de outrora e de agora: sou apenas uma menina crescida.

Saudades e amor sempre!

B.


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