Ela tinha mente buliçosa.Idéias e mais idéias escorriam em cascata pelo seu rico cérebro e logo eram postas em ações.Desejava possuir um botão em que pudesse desligar os pensamentos de vez em quando para relaxar.Mais tentava relaxar, mais nasciam buquês de coisas a serem feitas, resolvidas e divididas.Além disso, amava uma competição por menor que fosse.
A mãe conta, que ainda no berçário disputou um Campeonato de Choro: o bebê que chorasse mais alto ganharia uma chupeta ortodôntica.Foi seu primeiro troféu.Seguiram-se tantos outros que nem consegue lembrar.
Lactente, abraçou primeiro lugar nos Concursos de Bebês (Mais Gorducho, Mais Comilão, Mais Bonito, Mais Sabido, Mais Desembaraçado) e os Fotográficos: Lindo Sorriso e Simpatia Baby.
Na pré-escola e escola vieram os de Danças Folclóricas, os Pequenos Inventores, Pequenos Escritores, Criadores de Colagens, Pequenos Grandes Músicos e etc.
Seguiu-se a adolescência, a universidade, pós-graduação, mestrado, doutorado, e tantos projetos e trabalhos publicados nos mais diferentes lugares, que resolveu ser chegada a hora de casar.
Casamento, trabalho, projetos, amigos e filhos, pareciam a essa mente extravagante, café pequeno a ser gerenciado.As crianças pequenas encurtavam as horas de sono, o dia a dia da casa não podia esperar resoluções.O marido a pedir atenção também não.Empregadas que abandonavam o trabalho e largavam toneladas de afazeres domésticos à deriva para serem resolvidos.Doenças das crianças, chefes que não entendiam suas ausências aos
trabalhos...Acabou envolta em fraldas, mamadeiras, chupetas, brinquedos...Turbilhão do cotidiano lhe açoitava mente e corpo.
Um dia parou.Tentou pensar: nada.Nem uma ideiazinha mixuruca brotou!Revirou gavetas, baús de brinquedos, armários.Procurou sob os tapetes e móveis.Até na geladeira e no freezer!Nunca soube onde perdeu sua mente buliçosa.Talvez tenha caído dentro da sopinha dos bebês e um deles a tenha engolido.Impossível saber...
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