Que saudades do tempo que eu escrevia e recebia cartas!Cartas de verdade. Daquelas que o carteiro trás em envelope verde amarelo cheio de selos coloridos. Aquelas que traziam de longe, além das notícias, um pouco do perfume das mãos de quem a escreveu...
Saudade de ficar na angustiante espera do carteiro e sua passagem perguntar:
- Alguma coisa para mim, seu Jorge?Pular de alegria com uma resposta positiva e arder de decepção por uma negativa.
No dia seguinte, marcar ponto de novo no portão até a ardorosamente desejada chegar. Correr pelas escadas, o coração aos saltos. Na porta trancada do mundo adolescente que meu quarto abrigava, no silêncio, deliciar-me com meu presente. Ouvir o barulho do fino papel pautado a dançar em minhas mãos, a sensação de seda aos dedos, enquanto a caligrafia conhecida penetrava minha retina e formava imagens dos acontecimentos e afetos neles descritos.
Não lembro mais quando recebi a última carta. Todos os dias meu coração dispara, floresce de alegria ou neva da tristeza diante da centena de e-mails em minhas caixas. Nenhum deles trás o perfume do remetente, nem o calor das suas mãos ou a sua saliva no lacre.O carinho vêm com figuras bonitas, divertidas. Músicas, poemas ou despedidas, onde as imagens falam mais que as palavras, que davam à vida nas minhas antigas e saudosas cartas.
Alguns de vocês devem ser muito jovens e talvez nunca tenham recebido uma carta de alguém bem distante. Quem viveu e for saudosista, saberá do que eu estou falando!
*Imagem do Google
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