domingo, 26 de setembro de 2010

“Da Batatinha ao Queijo” – Vivendo e Aprendendo

by Betha M. Costa


Conforme a gente cresce e amadurece, muitas certezas vão se desfazendo como nuvens sopradas pela ventania.Crenças que por anos a fio temos como verdades incontestes mudam de uma hora para outra.


Por décadas eu recitei (e ainda ensinei aos meus meninos) o versinho da Batatinha.Ela esparramava lindona pelo chão. Até que - mais interessada do que sempre nas letras - descobri que grande parte da minha vida eu estive errada: a batatinha espalha ramas pelo chão. Foi um golpe tão duro nas minhas crenças como o desgosto de quando eu descobri que o Papai Noel eram duas pessoas: papai e mamãe.Tão duro como quando descobri que não era o Coelhinho da Páscoa que escondia os ovos de chocolate para gente procurar no Domingo de Páscoa.Baques da vida: temos que superar.


Ergui a cabeça e segui em frente com novas verdades adiante mim. Tudo ficou tranqüilo na minha cabeça de vento... Até a pouco quando veio novo “baque”: mussarela ou muçarela? 


Por décadas comi e escrevi mussarela com “SS”. Aí vem meu filho e pergunta: 
- Mãe, como a senhora escreve mussarela?
- Eu escrevo com dois "esses", é claro!M U S S A R E L A, soletrei cheia de mim.
- Ih, está errado! Minha própria mãe não sabe escrever!...
- Como assim, garoto? Sou uma escritora... Tá bom: amadora, mas escritora. Desde criancinha eu como mussarela e ela sempre teve “dois esses”...
- Por isso a senhora tem diarréia toda vez que come esse tipo de queijo... Engolindo tanto “S”!...
- Muito engraçado, rosnei como uma fera raivosa. E como se escreve então?
- Muçarela, escreveu o adolescente com ar desafiador.
- Com “Ç”?Arregalei os olhos.
- Han-han... Com “Ç”: M U Ç A R E L A!
Aquilo foi demais para mim!Papai Noel e o Coelhinho não existiam, a batatinha espalha ramas e agora a muçarela com cê-cedilha... Eu tinha que saber a verdade!
Corri. Pesquisei na internet e nos dicionários. Aquela verdade gritava de todos os lados: muçarela ou mozarela (em italiano mozzarella). Até candidatos de um concurso público em Jundiaí entram na justiça por causa da estranheza que a palavra causou numa questão onde todos erraram. Mais uma nova realidade que eu e uma porção de outros desavisados da língua portuguesa temos que conviver...

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