terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quando me puxaram dos pés o tapete...

by Betha M. Costa


Eu me equilibrei nas minhas pernas tremulas o quanto pude, pois já tenho problemas de cóclea por disfunção cerebelar e me falta juízo na hora de julgamentos e linchamentos públicos.


Não derramei uma lágrima aos senhores meus superiores, preferi banhar-me num igarapé de águas turvas cheio de boiúnas, que às vezes têm mais compaixão pelos seres humanos que seus pares.


Dispensei o beija-mão de praxe dos aduladores e as lambidas piedosas dos cães sobre as minhas feridas. Sei que eles mordem as mãos que os afagam e desde menina tenho cinofobia: fui perseguida por um cão raivoso e por ser ainda uma flor da praia e não o cacto do deserto que sou hoje eu não soube me defender.


Muitos me viraram as costas. Se pudessem me lançariam as catacumbas. Temiam que a lepra das minhas palavras, o câncer dos meus versos e a gripe aviária dos meus pretensiosos poemas, pudesse causar-lhes males maiores que seus próprios sentimentos. As auto-piedades, identidades sexuais mal resolvidas, além do aliciamento de quem lhes tomasse a voz e falasse em seu nome, como se mudos e pobres injustiçados não pudessem expor ao mundo que também têm como todos os humanos um lado “B”.


Deixei de confiar em quem derrama muitas lágrimas e é sempre vítima (sem saber o porquê) de ataques desagradáveis e “injustiças” sem nome. Quem do coração exala sempre flores de amor ou desilusão e pela boca vomita maledicência e joga as pessoas umas contra outras. Segundo minha secretária que é espírita, elas têm resgates de vidas passadas a cumprir. Tudo é merecimento para o crescimento em direção a luz, que desconheço qual seja por eu ser ainda um espírito muito atrasado.


Quando me puxaram o tapete dos pés eu não cai de cara no chão, por que pulei e como uma gata eu segurei com força no lustre do teto. Depois me ri deliciada, pois no fundo acho um grande barato ser vista e tida vilã. Nunca gostei mesmo das mocinhas nos filmes!

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