sexta-feira, 1 de outubro de 2010

História de Pescador

by Betha M. Costa


Tormenta e cerração no mar. Instrumentos de orientação do barco quebrados. Âncora lançada na tentativa de manter a embarcação sobre as águas. Eustáquio não via razão para navegar sem rumo no breu. Seus olhos perscrutavam a noite em busca de uma solução para aquela incomoda situação. Nada além do balançar e o quebrar das ondas no convés e o estrondo dos trovões...


Por encanto surgiu um foco de luz. Aparecia e desaparecia. O homem se encheu de esperanças: enfim, haviam consertado o velho Farol. Subiu a âncora e singrando a escuridão, seguiu sem piscar em direção a claridade que aumentava a medida que dela se aproximava.


O contorno de terra em nada lembrava o seu vilarejo. Luzes cintilantes como milhões de vaga-lumes envolviam e puxavam o barco para dentro de imenso portal de claridade multicolorida. Sem pensar duas vezes, Eustáquio colocou o colete e atirou-se ao mar. Nadou horas a fio para bem distante daquele lugar. Despertou na praia cercado de parentes e amigos. Todos horrorizados com as queimaduras espalhadas no seu corpo. Ninguém soube como seu barco foi parar na copa de uma grande samaumeira. Nem o pescador tentou descobrir o quê aconteceu naquela noite...


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Samaumeira ou Sumaumeira – árvore amazônica centenária, altíssima, de caule muito grosso.Segundo lenda indígena ela sustenta o firmamento e os astros.

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