by Betha M. Costa
Desde a juventude nutria grande admiração e apreço pelo PT (Partido dos Trabalhadores). Sua ideologia, seu posicionamento ético e luta por um Brasil mais justo e melhor atraia-me como imã. Nunca fui filiada, mas usava botões nas roupas, adesivos no carro e tinha uma bandeira vermelha com a estrela branca que tanto me orgulhava em casa.
Anos oitenta. Após 24 anos de uma das mais cruéis ditaduras militares das Américas (quiçá do mundo), reuniu-se a Assembléia Nacional Constituinte que deu-nos uma nova Constituição. Novos ares ao país. A voz de um destemido operário do ABC paulista se fazia ouvir aos quatro cantos.
Em 1889 a primeira eleição presidencial livre no Brasil depois de 29 anos de silêncio nas urnas. Foi acirrada a disputa entre Fernando Collor de Melo e Luis Inácio Lula da Silva. Mesmo sem ser militante, não fui aceita como pediatra numa empresa de saúde privada internacional: jovem e ingênua falei da minha simpatia por Lula na entrevista...
Meu partido e candidato perderam essa eleição como as presidenciais de 1994 e 1998. A recompensa veio em 2002: um operário no Palácio do Planalto. Festas, fogos, discursos, delírio popular. Crença que as mudanças sociais, políticas, tributárias, de infra-estrutura e outras mais finalmente viriam.
Um ano e meio de governo veio o escândalo do “Mensalão”, seguido de dólares em cuecas, e, tantos outros que levaram a queda vários ministros, familiares e amigos íntimos do Presidente, que até hoje jura de pés juntos que não sabia nem sabe nada a respeito.
Assim o partido que pregava a ética, moralidade e zelo com o patrimônio público desfez-se diante dos meus olhos e nunca mais votei em nenhum dos seus integrantes. Nem colaborei para a reeleição do presidente.
Da época que meu outrora candidato assumiu o poder até os dias de hoje muitas outras desilusões vieram no rastro da impunidade e falta de moral que grassa no país. O Partido perdeu muitos militantes de peso. Marina Silva, ex- Ministra do Meio Ambiente. Mulher forte, de renome internacional por seu vasto conhecimento e luta em prol das pessoas e do planeta desligou-se do PT.
Atualmente Luis Inácio abraça Hugo Chaves, o presidente da Venezuela que fez curso de ditador com camarada Fidel (Cuba). É “o cara” que aperta a mão de Barack Obama (EUA). É amigo do ex-presidente Fernando Collor, fora do cargo por impeachment. Já beijou a mão do Jader Barbalho e defende José Sarney. Os três fazem parte dos muitos políticos brasileiros processados pelo Ministério Público, e, que segundo a PF (Polícia Federal) respondem por crimes de desvio de recursos públicos, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro entre tantos outros...
Não sei mais o que foi ou é o PT! Quando me lembro do quanto fui tola em crer nas mudanças e ética por ele outrora tão apregoada, eu fico mais vermelha que a sua bandeira... Mas, de vergonha!
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