terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Velha Aborrecida

by Betha M. Costa


Era uma vez uma velha. Uma velha que de tanto caminhar já ia adiante dos anos. Vivia aprisionada na torre mais alta do castelo mais alto do Mundo da Imaginação. Castigo imposto pelos Magos do Enfado, por ela viver aborrecida e só enxergar o lado negro e negativo de tudo.


E dormia a velha por séculos até que um velho - mais aborrecido e enjoado que ela – apareceu, deu-lhe um safanão e disse: - Ó, mulher!Chega de descanso!Põe a barriga no fogão desse castelo e faz uma gororoba que eu estou com fome!


A rabugenta idosa pulou da cama de susto. Ao avistar o anoso e feio homem que a despertara teve o desejo de lançar-se janela abaixo... Aí lembrou que ia virar caquinhos de chatice espalhados ao chão devido à altura da torre e vociferou:


- Eu no aguardo de um jovem e lindo príncipe para despertar-me com um beijo apaixonado... E aparece ISSO!Sacolejou apontado para o idoso.


- ISSO?Isso é mais que excelente para salvar do sono eterno tão desagradável pessoa, sua... Sua... Mistura de cruz-credo! Retrucou o homem enquanto exibia com as mãos as pelancas do seu corpo e alma pergaminhados.


A velha aborrecida olhou-se no espelho de frente, perfil, costas. Vistoriou de cima a baixo o seu corpo despencado e falou com a voz amorosa:


- Está bem! Vamos juntar nossas dentaduras no mesmo copo? E eles viveram felizes para sempre... Digo, por mais seis meses, pois ambos morreram envenenados pelo excesso de aborrecimento e baixo astral que existia na comida da velha.

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