segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

No Supermercado

by Betha M. Costa



Não havia jeito: ou me aventurava ir ao supermercado comprar alimentos ou minha família passaria fome a partir do dia seguinte. Como quase sempre me meto em situações embaraçosas quando vou às compras, me prepararei psicologicamente, fiz exercícios respiratórios e fui para loja como quem vai para guerra.


No local, como de costume, eu peguei um carrinho de dois andares. Dirigi nos corredores com a máxima atenção. Em rápidos "pit stops" retirava das prateleiras os gêneros de meu interesse e os arrumava no carrinho. Feliz por tudo estar bem, sorria satisfeita comigo mesma... Até bater numa gôndola cheia de sabonetes em promoção e derrubar centenas deles ao chão. Um fiscal que me seguia falou solícito:


- Sem problema, senhora!Vou chamar um funcionário para arrumar.


- Er... Obrigada! Disse com um sorriso amarelo e a cara mais vermelha que um morango.


Como uma criminosa pega em fragrante delito sai em disparada. Só parei com o estrondo do baque com o carrinho a minha frente.... Um senhor de meia idade, calvo e de bochechas redondas berrou furioso:


- A senhora avançou a preferencial!


- Como assim, indaguei tonta com aquela situação. Onde está o farol ou placa que diga que não foi o senhor que avançou a preferencial?


- Mulheres! Santo Cristo!Todo mundo sabe: quem vem no corredor mais largo e central entre as gôndolas tem preferência sobre quem vem pelos corredores mais estreitos!A senhora devia ter parado.


- Eu não sabia disso!Vai ver que perdi a aula de trânsito dentro de supermercado, quando fui tirar a carta pra dirigir carrinhos de mão... Retruquei rindo.


- Senhora, está sendo irônica e tentando diminuir sua culpa! Exaltou-se o homem, quando o fiscal que me seguia interveio. Perguntou se alguém tinha se machucado. Como ambos afirmamos que não, pediu-nos que continuássemos nossas compras.


Parti a feirinha para pegar frutas, verduras e legumes. Como de costume deixei meu carrinho estacionado fora, para evitar esbarrar em outros compradores. Escolhi, pesei, apus minhas compras arrumadinhas. Seguia em frente rumo ao caixa quando fui abordada por uma moça:


- Desculpe!A senhora está com meu carro...


- Hain?Seu carro? Interroguei com espanto. Aqui estão todas as minhas coisas, moça! Com as mãos fui mostrando alguns itens: o meu melão, os meus tomates, as minhas cenouras, o meu bebê... Ei! Eu não comprei esse bebê! Gritei assustada.


A moça rindo disse:


- Não!A senhora não comprou esse bebê, por que a cegonha me deu ela há três meses!


- Ai, que vergonha!Mil perdões!Por favor, não chame a polícia que eu não sou seqüestradora!


- Eu percebi!Basta à senhora devolver o carrinho que está tudo bem!


- Obrigada!Não sei como essas coisas acontecem comigo, moça!Respondi agradecida.


- Eu sei disse o fiscal com o meu carro nas mãos. Aqui estão suas compras! É por isso que não desgrudo os olhos da senhora quando vem aqui... Acrescentou rindo. 
Até agora estou encafifada: por que motivo ele disse aquilo?... Por que será, hein?


Nenhum comentário:

Postar um comentário