terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Estrelas no Corredor

by Betha M. Costa


Ela dizia conhecer o caminho para as estrelas. Um lugar onde se podia pisá-las e até deitar sobre elas. Era ali mesmo no corredor de casa!


Como os adultos sempre duvidam do que dizem as crianças, “culpavam” sua prodigiosa imaginação e ninguém entendia nem acreditava em Isabelle:


- Imagine!Estrelas no corredor... Resmungava a babá.


- E que se pode tocar e até pisar... No corredor! Acrescentava a mãe.


- Uma menina de apenas quatro anos!Com essa criatividade... Vai ser escritora famosa!Enchia o quarto de exclamações o pai.


A pequenina segredava aos ouvidos de Linguado, o cachorro de pelúcia, que vivia a sorrir com sua imensa língua vermelha pendurada para fora da boca e era o seu companheiro de aventuras:


- Nos sabemos que é verdade, não é, Linguado? Deixa chover que a gente mostra pra eles!


Passaram alguns dias e a menina insistia em dizer da beleza das estrelas e as pessoas já nem lhe davam ouvidos... Até aquela madrugada em que choveu muito e depois ficou uma lua gorda e amarela no céu, e, a casa despertou com os sorrisos de vento que enchiam a noite de frescor e alegria.


Todos saíram entre sonolentos e espantados dos seus quartos para ver com os próprios olhos Isabelle cantando, pulando amarelinha e rindo com Linguado sobre as “estrelas no corredor”. No cômodo escuro, as gotas da chuva depositadas na grande clarabóia iluminadas pelo luar resplandeciam estrelas azuis no chão. Estrelas cheias de encantamento e poesia que existiam ali há muito e só os atentos olhos infantis poderiam descobrir.


Daí a diante, sempre que chovia a noite e depois abria o luar, toda a família ia para o corredor brincar com as estrelas, ritual seguido por várias gerações que habitaram aquela casa abençoada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário