by Betha Mendonça
O que aprendi da vida ela não me ensinou. Aprendi de ver, sentir,
cheirar, tocar... Através do desbotar das cores lavadas pelas lágrimas e da pintura
a óleo e ar do sorriso. Não a vida não me ensinou nada: eu que aprendi na marra
e no murro! No viver em cima da navalha, no corte com sangue e nas cicatrizes
indeléveis. Nos caminhos e atalhos dos pensamentos. Nos momentos que não vivi,
mas sonhei. Nos que vivi e foram pesadelos.
Não, não me digam nem perguntem da vida! Porque ela nunca me teve.
Eu que a tive a meu modo esquisito de levá-la na dança, neste baile deslumbrante, cheio
de prazeres em voos de trocas de pernas. Nos saltos a riscar o chão. Nos
tropeços e pisar de pés sem tempo de tomar chá de cadeira. Aproveitá-lo até que
o salão fique escuro sem nenhum ruído. Até que o silêncio cubra tudo com seu
manto de veludo roxo, sob um véu branco, abaixo do tampo de vidro rodeado de
madeira.
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