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Imagem Google |
by
Betha Mendonça
Belém,
20 de agosto de 2009.
C.
Após
o nosso encontro surpresa, diálogo aberto, guardas desarmados e olho no olho,
no sossego do escuro do quarto, pela primeira vez encarei sem lágrimas meus
pensares e sentires.
No
redemoinho dos anos fui capaz de desculpar a mim e ti por diversas atitudes,
palavras, omissões, mentiras e silêncios. Consegui colocar-me no teu lugar e
perceber o quanto eu errei, penitenciar-me e livre das dívidas, olhar confiante
para o futuro.
Tive
discernimento e enxerguei com a mais precisa clareza tudo de maravilhoso que
fizeste por mim. Fui generosa para além dos ressentimentos. Deixei que a
borracha do tempo apagasse tristezas, ofensas, olhares, rispidez de sentimentos
e quaisquer mágoas que me tenhas feito sofrer e vice-versa.
Vi
o filme do muito que perdemos e ganhamos. Os enlevos de plumas exultantes aos
ares, e, as dolorosas e pesadas cargas que juntos nós carregamos pelo viver.
Hoje mais madura, na serenidade que a vivência trás, eu concordo que precisamos
desculpar um ao outro - e cada um a si próprio - para continuarmos a jornada
que ainda temos até o fim dos nossos dias.
Em
profunda meditação, a sentir o pulsar da vida no meu corpo e as cores da paz na
minha mente sou capaz de desculpar quase tudo: menos que tu tenhas permitido eu
ter deixado de te amar... Isso, talvez nem além da morte eu tenha elevação
espiritual para perdoar!
Carinho
sempre,
B.
Que belo texto um final de tirar o fôlego.
ResponderExcluirEstimada Amiga e Ilustre Poetisa,
ResponderExcluirMaravilhosa escrita sem rancores ou ofensas, como eu bem compreendo e me fez reflectir sobre o meu passado longínquo.
Adorei.
Abraço amigo