sábado, 21 de setembro de 2013

Carta Para um Encantamento

Foto de Betha

by Betha Mendonça

Belém, 21 de setembro de 2013.

Encantamento,

Nas últimas semanas, olhos parados no silencio, eu tudo percebi ou confundi: eram as folhas dos coqueiros que balançavam com a ventania marinha ou um mais um surto?

Tentei falar, mas dei com a voz de quina nas cordas vocais, e, as palavras saíram ininteligíveis ante a surpresa do que o tempo e a distancia acenavam, entre a cronologia da idade e do sentimento.

Enlevada e em sobressalto pelo inusitado – a gente nunca é totalmente como dizem nossas palavras – os meus dedos correram pelo teclado e ratos pegos pelas ratoeiras invisíveis das sensações ficaram imóveis.

Inebriei-me nas tuas frases, versos e reversos. Após goles de absinto alucinei e despertei do surto tão logo tu domaste as furiosas forças da natureza.

Como comum a juventude: o fogo virou cinzas sopradas pelo vento. O mar fez-se fio d’água a escorrer na sarjeta da realidade. O ar tornou-se imenso espaço por onde voarás além do limite das nuvens. E finalmente, no escuro da terra sepultaste uma história sem sentido e de onde nada poderá brotar.

Estou no outono. Amanhã começa a primavera. Feliz, na certeza de cada estação tem sua hora e lugar, eu farei a ela um poema, espaço onde a quimera pode ser tudo que eu queira, seja e veja...

Carinho,

B.

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