terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Soneto do Amor Sem Métrica Número 02












by Betha Mendonça

Digo-te meu, ainda que saiba que não me és...
Como o crepitar da lareira que sonho e não tenho,
Ou um sopro tépido do vento que me vem através,
Da Baía de águas revoltas a fazer-te o desenho.

Tu bem sabes o quanto em juízos me contenho,
Para não atirar-me sem tempo de fuga no convés,
Dessa nau em que as cordas são laços do empenho,
Com o qual me segues, puxas e prendes aos teus pés.

Devias libertar-nos desse conto de reinar tão ferrenho!
Encerravas todo ar, mar, sol e areia da praia; ao invés,
De seduzir com músicas, danças e versos esse engenho.

Já me perdi no tempo, no tanto do querer que tenho,
Em pecados, remissões, delicadezas e desejos cruéis,
E temo o Inferno que dá à utopia o alimento em anéis.

* Imagem do Google

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