by
Betha Mendonça
Vivo
muitas estações em qualquer estação do ano. Cada uma delas leva um pouco de mim
e marca-me com um pouco de si.
Invernos
cheios de calafrios e presságios, que temo não terem fim. Grande nebulosidade a
lançar-me nas sombras, onde só existe gelo, com mil defuntos a tomarem meus
lábios e deixarem a morte tragar-me com beijos impiedosos.
De
repente, tudo é água a correr nos sulcados campos dos sentimentos nas
primaveras radiantes: luzes, risos, cores e perfumes... E envolta na aura de
tanto contentamento - quando menos espero - as folhas das alegrias amarelam e
caem...
Meu
caminho e olhar enchem-se de imensas nostalgias que não sei de onde vêm.
Caminham junto com meus passos e acabam pisoteadas por mim. Liberam cheiro de
passado guardado num baú, onde o mofo recobre as lembranças daquilo que parece
não ser mais importante.
Vejo
traças cheias de vida a fazerem furos nos panos da minha imaginação. Rendas nos
cantos das memórias, até que junto com os sonhos, de súbito, o verão queima
tudo numa bola de fogo ao pôr-do-sol.
*Imagem tumblr
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