segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Quatro Estações












by Betha Mendonça

Vivo muitas estações em qualquer estação do ano. Cada uma delas leva um pouco de mim e marca-me com um pouco de si.

Invernos cheios de calafrios e presságios, que temo não terem fim. Grande nebulosidade a lançar-me nas sombras, onde só existe gelo, com mil defuntos a tomarem meus lábios e deixarem a morte tragar-me com beijos impiedosos.

De repente, tudo é água a correr nos sulcados campos dos sentimentos nas primaveras radiantes: luzes, risos, cores e perfumes... E envolta na aura de tanto contentamento - quando menos espero - as folhas das alegrias amarelam e caem...

Meu caminho e olhar enchem-se de imensas nostalgias que não sei de onde vêm. Caminham junto com meus passos e acabam pisoteadas por mim. Liberam cheiro de passado guardado num baú, onde o mofo recobre as lembranças daquilo que parece não ser mais importante.

Vejo traças cheias de vida a fazerem furos nos panos da minha imaginação. Rendas nos cantos das memórias, até que junto com os sonhos, de súbito, o verão queima tudo numa bola de fogo ao pôr-do-sol.

*Imagem tumblr

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