domingo, 16 de janeiro de 2011

Os Céus me Condenam

by Betha M. Costa

É difícil enxergar brilho e cor do sol,
Através da cachoeira de lágrimas,
Que despencam do epicanto,
E se espalham cortina gelatinosa,
Pelos meus olhos tristes e cansados.

O peito dói com a flechada de fogo,
De um Cupido louco e distraído,
O sangue esvai-se quente e rútilo,
Antiga taça quebrada pelo acaso,
A despejar infinitamente vinho tinto no rio.

Ah, a loucura do desassossego!
Descortinei céus sem autorização,
Pés sujos pelo barro humano,
Maculei as alvas nuvens de lã,
Ofendi o silêncio dos arcanjos.

Ah, a pena dos condenados!
O julgamento dos justos é sereno,
Mas meu nome é escrito em carmim,
Pesa-me o degredo n’alma desajustada,
Imposto que pago a um Deus pagão!...

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