by Betha Mendonça
Saudade é um aperto na alma – que parece
ter diminuído de tamanho – e ainda com esforço e paciência, a gente tem
dificuldade de afrouxar para que ela se liberte de dentro do nosso corpo.
É uma mão gigante que acena, mas quer puxar
de volta uma pessoa ou fato do passado ou presente recente. Enquanto isso, a
realidade briga com o sonho e aponta fria para o agora, na esperança de que a
gente se esqueça da tepidez, vibração, inquietação e outras sensações, que a
saudade produz no nosso cérebro e se espalha em raios vitais pelo nosso corpo.
Saudade é dor que explode os líquidos dos
tecidos, escorrega nas nesgas do ânimo e cai em chuva pelos cantos dos olhos a
regar uma seara que teima em não germinar. É flor que não desabrocha, mas exala
aquele perfume estonteante!
É uma dor alegre ou triste que se arrasta
pelos dias e noites. Fantasma que ao mesmo tempo em que assusta, tem uma aura
que carrega sofrimento ou alento ao pensamento.
Um pranto convulso quem vem do impulso, da
certeza de não se ter controle sobre o tempo. Um destempero espiritual no qual, nem
sal nem açúcar são capazes de tornar o sabor palatável a quem vive uma saudade.
Saudade é seara sem colheita, oração e a um
deus surdo. A ausência marcada n’alma e corpo daquilo que é ou foi sem que se
possa tocar, viver ou reviver.
*Imagem tumblr
Uau, Betha! Que texto inspirado. Uma multicolorida e luminosa cachoeira de definições da palavra saudade.
ResponderExcluir"Um pranto convulso quem vem do impulso, da certeza de não se ter controle sobre o tempo." – esta é a que mais me encantou.
Beijos