domingo, 6 de outubro de 2013

Carta de Despedida Número 08

by Betha Mendonça

Belém, 04 de outubro de 2013.

Hoje me despeço da espera que exaure o pensamento, extingue a lógica e desacelera aos poucos o coração. Adeus ao carrilhão de horas, senhoras idosas e lentas, a caminhar nos relógios que parecem não se moverem!

Afaste-se de mim o aguardar! Chega do tempo a se arrastar cobra traiçoeira, de repente a dar-me o bote, morder-me e inocular-me ardida decepção ao que não veio.

Fora ensandecimento momentâneo! Esse em que lancei a razão ao chão e sapateei sobre ela ao som de Dançando na Chuva, como uma mágica de circo, que caminha acima das águas de uma piscina que nunca será mar.

Acabou o prazo marcado para acerto ao que era errado. Ele perdeu a validade. Como um produto de aparência valiosa e original, que se revelou pirataria made in China ou Paraguai.

Tchau minutos em que estive paralisada pelo curare da flecha de instantes suspensos e em suspense!

Aceno agora sem pressa, por ter guardada na ampulheta a areia de todo o tempo que preciso para dizer:

- Adeus! Até um dia, hora ou outra encarnação!


B.

*Imagem Google

Nenhum comentário:

Postar um comentário