Adeus, Ives!

Agora restam essas mãos vazias, dedos sem tintas para pintar tela de cores vivas e fortes, capaz de mostrar como foi nosso amor fraterno e amizade cúmplice. O teu jeito divertido, irreverente e quase infantil de levar a vida. O sorriso aberto. Os braços cheios de abraços para tudo que a vida te apresentava e as pessoas a quem amavas.

Ao fechar os olhos só consigo lembrar-me de ti com aquela camisa social rosa, as mãos cruzadas sobre o peito e entre elas o pequeno terço colocado por tua irmã. Sem os risos nem as piadas... Apenas o silencio entrecortado por um choro convulso aqui ou ali, uma lágrima solitária e a perplexidade de todos nós ante o que parecia filme de ficção que logo acabaria.

Mas, a realidade ficou mais evidente a cada passo no cemitério em que nossos corações diminuíam de tamanho, a revoada surpresa dos pombos que passaram por duas vezes para se despedirem e tua descida ao jazigo familiar...  O mundo fica um pouco mais triste! Até um dia, Ives, primo e amigo querido!

Betha Mendonça