domingo, 22 de agosto de 2010

Carta de Amor Número 01









by Betha Mendonça

Oi, Amado!

Hoje minha saudade amanheceu em festa. Não que eu me arrependa de ter batido a porta com força e saído no meio da conversa sem olhar para trás. Aliás, eu olhei para trás, mas seus olhos estavam tão embaçados pelas lágrimas, que você não notou o quanto doía em mim essa retirada estratégica.

Estratégica?Nunca fui boa estrategista no amor. Nem sei se amor precisa de estratégia!Por que para mim ele não é uma batalha, jogo, ou ação; que precise de algo planejado, estudado, metrificado nas palavras e no sentimento, para então ser posto em ação.

O caso é que achei chato eu ter que me comportar como não sou e dizer o que não tenho vontade de dizer, para parecer ou pelo menos ter a sensação de ser a “amante ideal”. O ideal para mim é ser direta e verdadeira: inteira. O resto é folhetim de segunda de revista pornô, que se compra com facilidade em qualquer esquina ou se escuta nos ligue-sexo da vida. Não tem a voz do afeto, a delicadeza do toque, a beleza da troca, que só existe entre as pessoas reais e especialmente apaixonadas.

Você pensa que sabe a meu respeito. Porém, está um barco há muitas milhas de distância de quem sou. Ou você é péssimo observador ou eu que sou péssima para me mostrar. Assim, as pessoas acabam me vendo como querem e não como eu sou de verdade. Ou talvez eu me mostre como sou de verdade e não me veja como tal...

Sei lá!Fiquei com saudades do que podia até ser e não era. E quando chegou a hora de enxergar, os meus olhos jabuticabas não viram o que os seus olhos castanhos queriam dizer... Houve grande dissociação de olhares e quereres!Acabou que não entendi nada, sai correndo, bati com força a porta e levei comigo o quê não sei de verdade se aconteceu ou não.

Você entendeu alguma coisa?Nem eu!

Beijo na boca com língua,

B.

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